Lembrai-vos

Lembrai-vos
Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Amen.

15 May 2012

“O Vaticano II – Às raízes de um equívoco”. Resenha de Cristina Siccardi ao novo livro de Monsenhor Gherardini.


Por Cristina Siccardi | Corrispondenza Romana
“O Vaticano II ensina realmente e apenas aquilo que foi revelado e transmitido?”. E “o significado objetivo das palavras usadas pelo Concílio Vaticano II corresponde ao do Magistério precedente e, em última análise, ao da divina Revelação?”.
Duas perguntas “de supetão” que são dirigidas por Monsenhor Brunero Gherardini a todos aqueles que terão a sorte de ler o seu livro mais recente, que brilha com clareza linguística e teológica, intitulado O Vaticano II às raízes de um equívoco (Lindau , pp. 410, € 26,00).
Cinquenta anos se passaram (1962-2012) desde a abertura de um Concílio que cada vez mais se torna protagonista de um verdadeiro processo. Finalmente, o tribunal foi aberto, graças, em particular, ao próprio teólogo Gherardini (com seu famoso Concílio Vaticano II, um discurso a ser feito) e ao historiador Roberto de Mattei (com o seu Vaticano II, uma história nunca escrita) para fazer entrar o réu: o Concílio Vaticano II.
Apesar de os conteúdos deste escrupuloso volume serem bastante profundos e complexos, o seu autor, como é próprio de seu estilo “gherardiniano“, torna a análise fresca, vibrante e bem sucedida. Esta obra nasce de uma inspiração polêmica, ou seja, para responder à má fé de alguns estudiosos e jornalistas em relação aos aprofundamentos que o teólogo vem realizando com rigor, há alguns anos. Algumas pinceladas irônicas, aqui e ali, lembram o humor ferino do Beato John Henry Newman, em sua obra-prima Apologia Pro Vita Sua, onde, ele também, como Gherardini, àqueles que o acusavam, respondia com a coragem própria de quem sabe, como Santo Tomás de Aquino, de estar possuído pela verdade.

Gherardini não engrossou as fileiras do comum, ou seja, de todos aqueles que continuam a exaltar o Vaticano II de uma forma apriorística e sem aceitar uma análise do mérito, mas foi ao âmago do problema, observando de perto a mudança radical de curso da Igreja pós-conciliar e identificando a causa dessa mudança nas atas da Assembleia Conciliar. E aqui está o grande ‘equívoco’, “que pouco levaram em consideração”, matriz dos muitos equívocos e dos muito erros que surgiram em cascata:
O antropocentrismo.
O homem moderno, para o qual tende o antropocentrismo conciliar, deste absorve a ideias que subvertem as relações naturais e reveladas entre a criatura e o Criador, torna-se o porta-bandeira e o arauto destas ideias, e por elas resta, por assim dizer, pregado em um estado de inconciliabilidade com as verdades da doutrina e da Tradição”. Estes são os desvios da Nouvelle Théologie e da Teologia da Libertação.
O equívoco antropocêntrico encontra suas raízes, segundo Gherardini, na declaração conciliar sobre a liberdade religiosa (Dignitatis Humanae), na declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs (Nostra Aetate) e no decreto sobre o diálogo ecumênico (Unitatis redintegratio).
O antropocentrismo contaminou toda a cultura moderna e o pensamento majoritário conciliar, e nada, “no modernismo e em sua endemoninhada revivescência neomodernista, é poupado do tesouro de verdades recebidas e transmitidas”, ou seja, a Sagrada Escritura, os dogmas, a Liturgia, a moral. Hoje, aquele verme modernista que corroía por dentro eclodiu vigorosamente, mas a assembleia conciliar já havia testemunhado isso quando foram tratadas temáticas nodais, que se distanciavam, em sua elaboração, da Tradição.
Gherardini, por causa de sua postura diante do Concílio, foi acusado de ser um ‘lefebvriano’, dando-se à palavra, como sempre, uma acepção meramente negativa. Ele, a este respeito disso, afirma que, mesmo não pertencendo à Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, compartilha as linhas de construtiva crítica ao Vaticano II.
Além disso, o autor concentra sua atenção na linguagem conciliar e pós-conciliar, totalmente diferente, no geral, da patrística e da Tradição; dá, também, nome e sobrenome aos protagonistas das modernas filosofias e teologias, porém não as interpreta, mas faz a radiografia das ideias; ideias que envenenaram o espírito da Assembleia Conciliar e, “se a sagrada hierarquia não parar este desvio antropocêntrico, o futuro da Igreja não será mais o da Igreja Una Santa Católica Apostólica em sua gloriosa e universalista configuração romana”.

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