Lembrai-vos

Lembrai-vos
Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Amen.

26 Jan 2012

Grandes funerais na corte!

Bertone comenta partida de futebol para televisão italiana.
Bertone comenta partida de futebol para televisão italiana.
Muitos de vocês viram na noite passada o programa de TV “Os Intocáveis”, comandado na La7 por Gianluigi Nuzzi. Tema da transmissão: a remoção de Monsenhor Carlo Maria Viganó, ex-secretário do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, pelo Cardeal Bertone e seus acolitos. Infelizmente para o Cardeal, e, ah!, para o Santo Padre, para defender a Santa Sé da acusação de ser uma espécie de pequena corte de mistérios, cheia de falsidades, inveja e chantagens, foi convidado ao estúdio o inculpável Professor Vian [ndr: editor chefe do L'Osservatore Romano]. Um homem de cultura, equilibrado, um professor e um jornalista do mais alto perfil que, no entanto, não tem uma grande familiaridade com o meio televisivo. Resultado: o escândalo não pode ser contido. Então podemos muito bem falar sobre isso. Comecemos de trás para frente…
No início de setembro de 2011, surgiu a notícia publicada inicialmente em Panorama sobre um “corvo no Vaticano”. Um misterioso autor anônimo de uma missiva cáustica contra o Cardeal Bertone. A carta começa com uma citação de São João Bosco: “Grandes funerais na corte!”. A citação dizia respeito a um “sonho ameaçador” do santo, que previu, em 1854, enquanto se discutia a abolição das ordens religiosas, mortes na família de Vittorio Emanuele II.

Apenas os fantasiosos leitores de Dan Brown poderiam imaginar, em setembro último, que por trás da citação havia uma atemorizante ameaça de morte ao Secretário de Estado. Na verdade, alguém preparava uma vingança e a explosão da “gangue” bertoniana no Vaticano.
Este alguém era próximo de Carlo Maria Viganò, Monsenhor do ferro, nomeado em julho de 2009 secretário do Governatorado e, posteriormente, “deposto” com uma carta de Bertone, de 13 de agosto de 2011, para Washington (EUA), como núncio apostólico.
Mas já havia sinais desta deposição desde, ao menos, o início de 2011. Em 5 de fevereiro, apareceu em “Il Giornale” um artigo praticamente anônimo que falava do desejo de Viganò de substituir o serviço de inteligência do Vaticano “interna”, confiado a “uma pessoa decente”, por um serviço a ser confiado a uma empresa externa. A pessoa decente seria o aretino Domenico Giani, e o Arcebispo vilão, Mons. Viganò: “Se teme pela segurança, pela confidencialidade; não agradam as iniciativas de quem está interessado em mudar um sistema que por anos tem funcionado e servido fielmente aqueles a quem, exclusivamente, deve responder. A inteligência do Vaticano é cuidada por um homem decente, que sabe muito bem quem são os seus superiores, mas a pressão exercida por um arcebispo para substituir o trabalho interno por  uma central de segurança de uma empresa externa está se tornando insustentável. Quem é este arcebispo de olhar sinistro, que lança a perturbação no santo condomínio? O nome é coberto pelo sigilo. Quem será?”.
O nome é o de Viganò, censurado pela acusação de ser um nepotista, por causa da presença no Vaticano de seu sobrinho, Carlo Maria Polvani. O artigo concluía: “O fato é que alguém do Palácio Apostólico, apaixonado por futebol, em algum momento intervirá para chamar o jogador com as palavras de um famoso treinador. É de se imaginar que o aviso será: ‘zeru tituli’ [ndr: “nenhum título”, referência à provocação feita por José Mourinho em 2009, então técnico da Internazionale de Milão, aos rivais Milan e Juventus. A frase ficou famosa pelo erro de pronúncia do técnico português; o correto seria zero titoli]. Em suma, mesmo no Vaticano, vale ainda a competência, princípio imperativo, especialmente em um ambiente em que o sigilo construiu a própria inviolabilidade”.
Eis que chega, então, o esportivo Bertone, que alerta Viganò e o manda embora… Mas quando a carta do “Corvo” chega em setembro, quem é chamado para investigar? Exatamente Domenico Giani, então ex-oficial da Sisde [ndr: Servizio per le Informazioni e la Sicurezza Democratica – o serviço de inteligência italiano]. Toda essa história nos mostra, então, um sistema feito de chantagens indiretas, de “dossiês”, de informações reservadas e cartas anônimas, que ameaça implodir. E o problema é que esse sistema coincide com o centro espiritual do catolicismo.
Sigamos em frente. No programa de ontem, foram mostradas inquietantes cartas escritas por Mons. Viganò ao Pontífice e ao Secretário de Estado. Espalhar estas cartas através da mídia certamente não é um método ortodoxo para comunicar seu desconforto. Assemelha-se mais a um  “acerto de contas”, mas não se diz que por trás do acerto de contas há um benefício em potencial para a Santa Sé e para o catolicismo. Porque é evidente que estas cartas foram difundidas hoje, há poucas semanas do anúncio do Consistório blindado pelo Cardeal Bertone. Constituem, assim, a abertura de uma verdadeira e própria guerra para o próximo conclave, na qual fica claro quem poderia sucumbir, mas não a face do potencial vencedor.
Esta guerra, no entanto, se estendeu por uma frente muito mais ampla do que podemos imaginar. E esta frente atinge o poder laico da Maçonaria, o poder das finanças, o poder da política (na verdade, muito reduzida em comparação com o passado). Monsenhor Viganò cita entre os artífices da conspiração para desacreditá-lo primeiro e, em seguida, destitui-lo, um tal de Marco Simeon. Menino prodígio ligado a Bertone e elevado às honras das manchetes em 2011 por seus contatos com o suposto chefe da [loja maçônica] P4, Luigi Bisignani. Simeon chamaria  Bisignani ao telefone de  “coach” (treinador). Mas já em 2010, como parte de outras escutas telefônicas para a gestão de contratos do G8 em La Maddalena, essa figura do “coach” aparece em uma comunicação entre Simeon e um terceiro. O objeto da discussão entre Simeon e Bisignani era um artigo do Espresso dedicado ao tráfego relacionado ao G8. E todos recordam que pelo escândalo dos contratos do G8 foi preso Angelo Balducci, então cavaleiro de Sua Santidade  e visitador frequente de Mons. Camaldo, cerimoniário do Papa, mais conhecido por um apelido irreverente que traz à mente o filme “Uma cilada para Roger Rabbit”. Camaldo, como apurou há alguns anos o procurador Woodcock,  estava envolvido em uma transação financeira para a compra de uma casa que pertenceu a Sophia Loren com o objetivo de torná-la a sede de uma associação maçônica. Camaldo está ainda entre os cerimoniários do do Papa.
Desses fatos surge a imagem de um Vaticano que não se ocupa em nada de religião, que não promove a fé, mas vive de chantagens, ludíbrios, corrupção e, às vezes, depravação. Surge a imagem de um Papa que não governa ou é colocado em condições de não governar. Surge a imagem de um Secretário de Estado onipotente que alimenta carreirismos e assuntos privados à sombra da cúpula. Esta é a imagem de uma hierarquia repugnante. E não importa se hoje quase nenhum jornal, mesmo aqueles online, falam do assunto, só porque foi dado o toque de recolher. Seria preferível se perguntar por que os jornais italianos, sempre prontos a falar mal da Igreja, hoje não estão interessados em um escândalo tão descarado. Saber que o Vaticano organiza um presépio na Praça de São Pedro pelo custo exorbitante de 550 mil euros é uma notícia fantástica! Da mesma forma como saber que o Vaticano, em 2009, perdeu 2 milhões e meio de dólares em uma única transação financeira equivocada… E estes dados estão contidos na carta do Monsenhor Viganò ao Papa.
Seria perverso e inútil defender o indefensável. Lançar o coro habitual sobre padres que são antes de tudo homens. A fumaça de Satanás realmente tem se infiltrado no Vaticano e, embora ainda existam muitos padres, bispos e cardeais dignos e talvez santos, eles estão sobrecarregados pela lamacenta crosta de interesses e privilégios que sufoca qualquer vislumbre de espiritualidade. Neste ponto, como simples católico, só posso esperar que os grandes funerais metafóricos se tornem reais. Que o escândalos façam uma faxina nos laços entre Igreja e poderes maçônicos. Muitos se escandalizarão, alguns perderão a fé, mas se não forem cortados os ramos secos e doentes, toda a planta acabará morrendo.
“Vi uma igreja estranha que era construída contra todas as regras… Não havia anjos para cuidar das operações de construção. Naquea igreja não havia nada que viesse do alto… Havia apenas divisão e caos. Trata-se provavelmente de uma igreja de criação humana, que segue a última moda, assim como a nova igreja heterodoxa de Roma, que parece do mesmo tipo…”.
(Profecia da Beata Anna Catarina Emmerich – 12 de setembro de 1820)
FRATRES

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