Por Francisco Panmolle
A teóloga brasileira Maria Clara Lucchetti Bingemer, adepta da teologia de gênero e da libertação, foi uma das convidadas a apresentar — pasmem! — o livro do próprio Papa Bento XVI. O evento se deu na última terça-feira, 20, na Sala Pio X, em Roma.
A Dra. Bingemer se notabiliza pela habilidade de escorregar entre a teologia da libertação, à qual permanece sempre fiel, e a doutrina da Igreja, a qual não refuta explicitamente. O que não torna o convite para discursar na apresentação do livro do Papa menos escandaloso. Enquanto, aqui no Brasil, a teologia da libertação vai perdendo o respaldo popular e definhando, seja por falta de vocações, seja por envelhecimento de sua intelligentia, os conselheiros do Papa encontram-lhe um refúgio à sombra do Palácio Apostólico.
As altas esferas vaticanas certamente não desconhecem que a ilustre teóloga foi uma das participantes do recente e escandaloso Congresso Teológico da Unisinos. Assim, esta senhora, que esteve há pouco mais de um mês juntando forças a Leonardo Boff, Jon Sobrino, Gustavo Gutierrez, Frei Betto et caterva, é indicada para apresentar o terceiro volume do livro Jesus de Nazaré – A Infância de Jesus do Papa Bento XVI. Em artigo intitulado como “Reflexões a propósito de um duplo aniversário”, ela se regozija por sua participação neste infeliz congresso e canta rasgadamente, entre delírios saudosistas às baladas das CEBs, homenagens a esses seus confrades “teólogos”, alguns das quais punidos pela Santa Sé.
Já se foi o tempo em que, aos ouvidos do Papa, tinham acesso homens da envergadura moral de um Cardeal Dom Eugênio Sales. Foi este purpurado quem retirou, em bom tempo, os seus seminaristas do ambiente ideológico da PUC dos jesuítas, onde a Dra. Bingemer é catedrática.
O estilo esquivo e a linguagem inexata (isto na mais benévola das hipóteses) ao qual nos referimos pode ser conferido nesta entrevista, em que a Dra. Bingemer afirma, entre outras asserções duvidosas, que “antes de tudo, Jesus é uma pessoa humana”, que São Tomás e Santo Agostinho, ou a interpretação de suas palavras — belo subterfúgio! –, seriam sexistas, que “Deus também é Mãe” e que a Trindade é… uma “comunidade de amor que se revelou também no feminino”.
Há mais amostras de seu pensamento: num artigo dedicado à visita de Bento XVI ao Brasil, ao qual intitula “A Igreja que Bento XVI encontrará”, ela anseia por “uma retomada mais vigorosa e explícita da opção preferencial pelos pobres, grande conquista das conferências de Medellín, em 68, e de Puebla, em 79”, à qual “a conferência de Santo Domingo, em 92, não apontou como prioridade”; além do que, propõe uma modificação “da própria configuração da Igreja e sua ação pastoral na América Latina. Muito centrada no clero e nos bispos, pôs como prioridade em Santo Domingo o protagonismo dos leigos”.
Como é óbvio, tais afirmações estão em total sintonia com a “eclesiologia libertadora”, que confunde o sacerdócio ministerial com o sacerdócio comum dos fiéis, além de pleitear uma instrumentação da Igreja, vista como meio de mobilização do proletariado em vistas da revolução social.
Em um outro artigo, bastante equívoco e merecedor de uma leitura atenta, “Crise e salvação na e da Igreja”, a Dra. Bingemer comenta uma entrevista concedida por Hans Küng. Digna de nota é a perspectiva da autora em sua análise: coloca-se como espectadora do debate entre Küng e o Papa Bento XVI, posicionando-se de forma tão neutral, que, na conclusão, se permite uma afirmação [quase?] ofensiva ao Romano Pontífice: “enquanto o coração humano for fiel a Jesus de Nazaré, reconhecido e proclamado Cristo de Deus, a Igreja terá salvação [barbaridade!]. Ainda que entre todos os seres humanos espalhados pelo planeta existisse apenas o coração de Joseph Ratzinger…, ou o de Hans Küng…, batendo ao ritmo do coração amante de Jesus, Verbo Encarnado e salvador do mundo” [sublinhado nosso].
Enfim, a Dra. Maria Clara Lucchetti Bingemer se camufla mediante um tipo de dissertação descritiva que, beneficiando-se duma pretensa neutralidade, serve-se disso para pender sempre ao lado libertador. Esta dissimulação é especialmente daninha, pois encerra a violência revolucionária no disfarce de uma falsa e diabólica meiguice poética.
Restaria apenas uma pergunta: em que time jogam os conselheiros do Papa? Parece-nos que eles estão prestando um péssimo serviço à Igreja do Brasil e do mundo
Fonte: FRATRES
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