Lembrai-vos

Lembrai-vos
Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Amen.

27 Oct 2010

Do Juízo e das penas dos pecadores

Em todas as coisas olhe o fim e como comparecerás diante do Juiz severo a quem nada é oculto, que não deixa aplacar com dádivas, nem aceita desculpas; mas julgará com justiça.

Estulto miserável pecador!Que responderás a Deus que conhece todos os teus crimes, se tremes em presença de um homem irado?

Por que não te preparas para o dia do juízo, quando ninguém poderá ser escusado ou defendido por outrem, pois cada um terá bastante que fazer por si?

Agora o teu trabalho é frutuoso e o teu pranto aceitável, os teus gemidos são eficazes, satisfatória e purificadora a tua dor.

Grande e salutar purgatório têm o homem paciente que, injuriado, mais se dói da malícia alheia que da própria afronta; que, de boa vontade, ora por todos aqueles que o contrariam e perdoa, de coração, as ofensas; não se demora em pedir aos outros perdão; que, mais facilmente, se inclina à compaixão que à cólera; que a si mesmo, frequentemente, se violenta, esforçando-se por submeter, de todo, a carne ao espírito.

Melhor é espiar agora os pecados e corrigir os vícios, que deixá-los para serem punidos no futuro.

Na verdade, deixamo-nos enganar pelo amor desordenado que temos à carne.

Que outra coisa devorará aquele fogo senão os teus pecados?

Quanto mais te poupas se segue os apetites da carne, quanto mais severamente serás castigado e tanto mais ajuntas lenhas para te queimar.

Naquilo em que o homem mais pecou, mais severamente serás castigado.

Ali os preguiçosos serão estimulados por aguilhões ardentes e os gulosos, atormentados com sede e cruel fome.

Ali os luxuriosos e amantes dos prazeres serão mergulhados em pez ardente e fétido enxofre e os invejosos uivarão de dor, como cães danados.

Nenhum vicio há que não tenha seu tormento particular.

Os soberbos serão cheios de toda a sorte de confusão e aos avaros reduzidos à extrema miséria.

Uma hora de suplicio ali será mais duro que cem anos de aspérrima penitência.

Ali nenhum repouso, nenhuma consolação há para os condenados, enquanto aqui, as vezes, cessam os trabalhos e somos confortados pelos amigos.

Vive agora com cuidado e contrição dos teus pecados, de modo que, no dia do juízo, esteja seguro como os bem aventurados.

Enquanto os justos erguer-se-ão com grande confiança contra aqueles que os angustiaram e desprezaram.

Então se levantará para julgar quem agora sujeita, humildemente aos juízos dos homens. Então terá muita confiança o pobre e o humilde, mas o soberbo estremecerá de pavor.

Ver-se-á então quanto foi sábio, neste mundo, quem aprendeu a ser desprezado e dito como louco, por amor de Cristo.

Então dará prazer a tribulação sofrida com paciência e a iniqüidade fechará a boca.

Então se alegrará o homem devoto e se entristecerá o ímpio.

Mas exultará a carne mortificada que se fora nutrida em deleites.

Então resplandecerá o hábito grosseiro e enegrecerá o vestido precioso.

Mais exaltado será então o humilde tugúrio que o palácio dourado.

Então mais aproveitará a paciência constante que todo poder do mundo.

Mais engrandecida será então a singela obedecida que toda sagacidade do século.

Mais satisfação dará uma consciência pura e reta que a douta filosofia.

Então valerá mais o desprezo das riquezas que todos os tesouros da terra.

Mais te consolará a lembrança da oração fervorosa que as dos deliciosos manjares.

Mais te alegrarás pelo silêncio guardado que pelas longas palestras.

Então mais valerão as boas obras que muitas e lindas frases.

Mais te alegrará a vida austera e rigorosa paciência que todos os gozos terrenos.

Aprende agora a sofrer um pouco para que possas te livrar de coisas mais graves.

Experimenta, primeiro, neste mundo, o que será capaz no outro.

Se agora não podes sofrer tão pouco, como poderás sofrer os tormentos eternos?

Se agora o menor incômodo te impacienta tanto, que farás, depois, no inferno?

Certo é que não colherás duas venturas: deleitar-te aqui no mundo e reina depois com Cristo.

Se até hoje tivesses sempre vivido em honra e prazeres, de que te aproveitaria tudo isso, se houvesse de morrer neste mesmo momento?

Vaidade é tudo, exceto amar a Deus e só a Ele servir.

Quem ama de todo o coração a Deus não teme nem a morte, nem os castigos, nem o juízo, nem o inferno; porque, o perfeito amor da seguro acesso junto a Deus.

Não é de admirar que se arreceie da morte e do juízo quem se deleita com o pecado.

Aquele que despreza o temor de Deus, não perseverará no bem, mas depressa cairá no laço do demônio.

REFLEXÕES
“Deus é paciente, disse Santo Agostinho, porque é eterno”. Mas depois dos dias de paciência, virá o dia da justiça; dia tremendo, dia inevitável; em que todos os humanos comparecerão diante do Rei da Eternidade, para darem conta de suas obras e até seus pensamentos.

Transportai-vos em espírito a esse momento formidável: eis que o pó dos túmulos se comove, e toda a parte a multidão dos mortos corre aos pés do soberano juiz. Ali todos os segredos se descobrem, a consciência já não tem trevas, e cada um que espera em silêncio a sorte que lhe está reservada para todo o sempre.

Separam-se das duas cidades: a grande sentença está pronunciada: ela abre o paraíso aos justos e cai sobre os pecadores com todo o peso duma solene reprovação.

Cercados dos anjos fiéis e do exército resplandecente dos escolhidos, sob Jesus Cristo a sua Glória. Satanás apodera-se de sua presa, e com ela se precipita nos abismos; tudo se consumou para sempre;

Nada mais resta senão as alegrias do céu e da desesperação do inferno!

Enquanto estás na terra, tem a escolha destas duas moradas: escolhe pois, mas lembra-te que além do túmulo não há arrependimento.

Salvador divino, enquanto não vindes como juiz severo tomar contas aos homens de suas ações, dai-me aquela luz inefável que alumia a alma para ver a torpeza do pecado, e comove o coração para detestar o horror do vício; possa eu, ajudado com ela, deixar o caminho da iniqüidade e só escolher a verdade da virtude que me encaminha a perfeição neste mundo e no tremendo juízo me introduza entre os benditos de Vosso Pai celestial.

 
Referencia bibliográfica:

Imitação de Cristo – p. 92 – 98, 24ª edição – editara Paulus.

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