Pela tarde começou o debate sobre dois temas:
1. “O plano de Deus para o casamento e a família.” (Parte I, cap. 1);
2. “O conhecimento e a acolhida do povo de Deus dos documentos da Igreja e da Sagrada Escritura nos assuntos que dizem respeito ao casamento e a família.” (Parte I, cap. 2).
Algumas idéias que marcaram o debate de ontem a tarde, dia 06. Apresento de forma resumida a conclusão dos debates.
1. DEFINIÇÃO DE FAMÍLIA E SEU LUGAR NA SOCIEDADE.
Todos sabemos que a grande dificuldade hoje é definir o que é família e qual o seu papel na sociedade. Interessante que o Sínodo, logo no começo se preocupou em dar definições claras sobre o que é uma coisa e sobre o que é outra. Qual foi o ponto de partida? A premissa que a família é a unidade básica da sociedade humana, o berço do Amor incondicional, e que falar sobre a família e casamento implica uma educação à fidelidade, reitera-se que a família deve ser protegida por que é o futuro da Humanidade;
2. LINGUAGEM MAIS COMPREENSÍVEL PARA ENTABULAR UM DIÁLOGO
A Igreja precisa adequar a sua linguagem com o objetivo de fazer com que a doutrina sobre a família, a vida e a sexualidade sejam compreendidas de modo justo: tem-se necessidade de entrar em diálogo com o mundo, tendo como exemplo o Concílio Vaticano II, que com uma abertura crítica, mas sincera soube falar ao coração das pessoas. Porque se a Igreja não escuta o mundo, o mundo não escuta a Igreja. O diálogo tem que partir de temas importantes, como igualdade de dignidade entre o homem e a mulher e a não aceitação da violência.
3. O EVANGELHO NÃO VAI EXPLICADO MAS VAI MOSTRADO, ELE NÃO É TEORIA
Neste trabalho estarão envolvidos os cristãos batizados que não são bispos, padres, diáconos. A evangelização não é uma teoria despersonalizada mas deve ser, por meio do testemunho da família, uma amostra de como é bonito e verdadeiro o evangelho;
4. DESAFIO É PASSAR DA DEFENSIVA PARA UMA ATITUDE ATIVA
Isto significa ser capaz de repropor o que a Igreja tem como riqueza a partir de uma nova linguagem, com esperança, ardor, entusiasmo, oferecendo um testemunho convincente, criando uma ponte entre a linguagem da Igreja e da sociedade. O grande desafio é passar de uma situação defensiva para uma propositiva, ativa;
5. ESPERA-SE UMA CATEQUESE MAIS BÍBLICA QUE TEOLÓGICA E ESPECULATIVA.
As pessoas estão cansadas do egoísmo e procuram ideais, apesar de parecer o contrário. Afinal o homem e a mulher buscam a felicidade e o cristão sabe que a felicidade é Cristo, mas infelizmente a Igreja ainda não conseguiu encontrar uma linguagem adaptada para poder dizer isso ao mundo e fazer com que ele compreenda o que ela quer dizer. A Igreja precisa ser um “imã”, trabalhar atraindo, com uma atitude de amizade diante do mundo;
6. QUANTO AOS CASAIS EM DIFICULDADE
Sublinhou-se a necessidade da Igreja estar mais próxima, compreendendo, perdoando. A misericórdia é o ponto de partida de Deus, mas precisa-se colocá-la dentro do contexto da justiça, Somente assim o plano de Deus vai ser respeitado. Além disso, foi apontado que mesmo as situações imperfeitas devem ser tratadas com respeito, por exemplo, nas uniões de fato onde coexiste a lealdade e amor, tem elementos de santificação e de verdade. Essencial, portanto, é olhar primeiro para os elementos positivos, de modo a infundir coragem e esperança, mesmo em formas imperfeitas da família, que podem ser desenvolvidos de acordo com o princípio da gradualidade. Você tem que realmente amar as famílias necessitadas.
7. O CASAMENTO É E CONTINUA A SER UM SACRAMENTO INDISSOLÚVEL.
Importante manter os princípios, ao alterar as formas concretas de sua implementação. Em suma, nas palavras de Bento XVI, a inovação na continuidade: o Sínodo não questiona a doutrina, mas reflete sobre a Pastoral, ou o discernimento espiritual para a aplicação dessa doutrina para enfrentar os desafios da família contemporânea. Neste sentido, a misericórdia não elimina os mandamentos, mas é a chave de interpretação;
8. RECUPERAR O SENTIDO DA ALIANÇA ENTRE HOMEM-MULHER E DEUS
No ambiente onde o “eu” é adorado, perde-se o sentido do outro e da parceria e, portanto se vê o fenômeno da “desfamiliarização”. Perdeu-se com isso o sentido da aliança entre a pessoa humana e Deus. O anúncio da beleza da família não deve ser apenas uma questão de beleza aparente, esteticismo-harmonia externa mas sim a apresentação do quanto é importante o empenho de um casal para manter a unidade da aliança com Deus;
9. DEIXAR A ATITUDE CLERICALISTA
O que viria a ser isto? Quando a Igreja está mais preocupada com o poder que com o serviço ela não consegue tocar o coração das pessoas. É necessário voltar a imitar Cristo, reencontrar a humildade: a reforma da Igreja deve começar pela reforma do clero (bispos, padres e diáconos), porque se os fiéis olham que os seus pastores imitam a cristo, então se reaproximarão da Igreja e assim ela passará do evangelizar para evangelizadora;
10. SEXUALIDADE FORA DO CASAMENTO
Fala-se de forma tão crítica da prática sexual fora do matrimônio que a prática sexual dentro do matrimônio parece quase uma concessão diante da imperfeição;
11. MAIOR FORMAÇÃO PARA OS SACERDOTES
Constatou-se que se tem necessidade de formar melhor os padres para políticas em favor da família e do relançar a catequese a partir da família.
Durante a hora de discussão livre, 18,00-19,00, havia também duas sugestões: enviar uma mensagem de encorajamento e apreço às famílias no Iraque, ameaçadas de extermínio perpetrado pelo fanatismo islâmico e forçados a fugir para não desistir sua fé. A sugestão foi submetido a votação e aprovado por maioria de votos.
Outra chamada foi a necessidade de refletir também sobre os padres casados das Igrejas Orientais, que muitas vezes vivem também eles em crise familiar.
Fonte: Pe. Molento
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